Campanhas eleitorais são pródigas em desnudar aquilo que Spinoza (Ethica) apontava: para cada coisa existente, há necessariamente alguma causa precisa pela qual ela existe.
Em Porto Nacional vieram a público ontem duas pesquisas de intenção de votos. Ambas com registro no Tribunal Regional Eleitoral. Ainda que pudessem ser questionadas (não se tem conhecimento disso) já surtiram seus efeitos.
Na primeira (Instituto Promotion), o ex-prefeito Otoniel Andrade aparece com 42,7%, Ronivon Maciel (28,1%) e Joaquim Maia (19%).
Otoniel estaria com uma dianteira de 14 pontos percentuais do segundo, que seria o ex-vice-prefeito Ronivon Maciel. E a 23 pontos do terceiro, o prefeito Joaquim Maia.
O ex-prefeito, apesar disso, cancelou uma caminhada na cidade ontem por prudência,já que Maia também programara uma no mesmo horário.
Na segunda (Instituto FC), Otoniel tem 32,3%, Maia (33%) e Ronivon 17,8%. Otoniel estaria empatado tecnicamente com Maia e Ronivon caía para 3º, distante 15 pontos de Otoniel e Maia.
Uma diferença insustentável entre as duas pesquisas considerando-se fundamentos estatísticos.
Como a amplitude entre os índices das duas pesquisas reduziria as intenções de Otoniel e Ronivon e ampliaria a de apenas um, Maia, a equação não comporta muita dúvida sobre remetente e destinatário.
Ambas as pesquisas foram acompanhadas de textos jornalísticos em portais diferentes.
Na primeira (Instituto Promotion), retratava-se no destaque a frente de Otoniel respaldada pelos índices (e que vem sendo mantida desde a pré-campanha). Na segunda (Instituto FC), a pesquisa foi encimada pelo destaque de que o voto útil iria definir a eleição, sugerindo que uma estratégia estaria em curso.
É claro que sendo assim a avaliação negaria que o candidato que havia proposto o voto útil era justamente Ronivon, aquele em 3ª posição, distante 16 pontos percentuais do primeiro e segundo colocados pela própria pesquisa do Instituto FC, que se servia do voto útil. Seria uma bizarrice Ronivon manter sua candidatura e propor voto útil no adversário. Ou perdi alguma coisa!!!
De outro modo: tivera efeito contrário e estaria sendo aproveitada pelo prefeito Joaquim Maia, no que resulta, em larga medida, na conclusão lógica de que fosse Maia a causa da existência da pesquisa a realçar o tal voto útil. Não à toa, Joaquim Maia fez carreata na cidade ontem comemorando o que consideraria sua virada. Pelo Instituto FC.
Como não lembrar as eleições de Porto na década de 60. Em 65, Laudemiro Gomes (UDN) foi dormir com dois votos de frente na disputa com o médico Antônio Coelho dos Santos (PSD) e acordou derrotado.
Ainda hoje permanece na memória portuense o jingle do PSD que dizia que na rua de Laudemiro (UDN) ninguém podia mais passar, por causa do cheiro do pequi e da cantiga do pilão.
Numa referência à avareza (hoje pãoduragem) do udenista que prefereria “pilar” arroz a comprá-lo já beneficiado nas máquinas da cidade. Transportaram a situação para os pobres de então, carentes de tudo, que poderiam continuar, sob a observação econômica de Gomes, pilando arroz.
Perdeu a eleição para o médico que abriu a rodovia Porto/Paraíso, construiu a primeira escola de Taquarussu,instalou escolas na zona rural, construiu o Tiro de Guerra e o prédio que hoje abriga a prefeitura: o Palácio Tocantins. Uma obra portentosa para o final dos anos 60.
Aliás, uma das questões de que acusam Maia: buscar em Palmas, ainda que legitimante escorado em licitações, prestadores de serviço e empresas, deixando os comerciantes da cidade que empregam mão de obra local a ver navios. Além, claro, da sangria de impostos portuenses para a Capital.
Spinoza puro.