Uma publicação ontem provocou reação de líderes dos interessados na questão.

Seria uma resistência democrática não desviasse para a baixaria bolsonarista.

Não é por discordar, por exemplo, da forma como é conduzida a militância da Polícia Civil que me encorajasse a adjetivá-la de mau-caratismo.

O cerne do artigo é o óbvio: a transformação de agentes e escrivães em oficial investigador terá implicações financeiras. A dúvida é só a hora. Alegam que não prevê elevação. Ora, mas cria o direito. 

A reação em rede ao custo da implementação financeira – que, repito, não está na lei porque não é o expediente para isto –  termina reforçando sua previsão.

E o curioso é que o artigo não pontua contrariedade nem oposição à decisão do governo. Poderia, claro, apontar a Súmula 43 (STF) que proíbe mudança de cargo sem concurso público.

A Lei Orgânica Nacional da Polícia Civil (artigo 19) cria, de fato, o cargo de Oficial Investigador. Mas não determina a fusão dos cargos e preenchimento sem concurso.

Os governos  estaduais tem feito uso do expediente. E o STF tem aceito no caso de extinção de cargo. No Estado, Marcelo Miranda fez o mesmo na Secretaria da Fazenda. Mas são decisões contestáveis.

Disto, entretanto, não tratava a publicação.

Alguns interessados atribuem a possibilidade de exposição de aumento de despesas ontem a uma adversidade do blog com o governo. Ora,ora!

Há dois anos os policiais ameaçam manifestações pela tramitação da mudança dessa lei orgânica.

E não faz dois meses afrontou o governo contra a nomeação de um delegado para Secretário de Segurança Pública, também sinalizando movimentos paredistas.

Daí uma das adversidades, mas de setores da categoria, com o blog que apontou a competência do governador eleito para nomear e destituir secretários.

Imagina: seria contra o governo defendendo que ele cumpriu o compromisso com a categoria!!!! E que destravou o concurso!!!

Num Estado que tem 0,7 policial civil por mil habitantes. Um policial civil a cada 246 km2 (Forum Nacional de  Segurança Pública/2024). Situação subordinada, até hoje, à aprovação da fusão.

Na verdade, a Segurança há muito quer ser um poder como Executivo. O problema é a Constituição.

A necessidade de explicação política, intuo, deve residir justamente no que contrariam: economia. E que tem antecedentes na própria categoria. Basta lembrar o movimento de anos atrás para transformar todos em nível superior e que dizia-se não elevaria custos. Direito criado, todos o reivindicaram, claro.

O Executivo (pelo balanço protocolado no TCE) não tem, circunstancialmente,  margem de manobra orçamentária e financeira. Fechou 2024 acima do limite de alerta nos gastos com salários (46,32% e o limite de alerta é 44%).

Se bater no patamar de 46,55% (limite prudencial) não poderá sequer conceder reajustes. Terá que fazer demissões e reduzir salários. Sob pena de não poder mais contratar servidores nem receber repasses de transferências voluntárias.

E isto deveria preocupar não só os deputados defensores da causa, mas governo e os próprios servidores.

PS: o quadro publicado é da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo,com base na LAI nos Estados

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