O presidente da Assembléia Legislativa, Amélio Cayres III, o Grande, quis fazer ontem da terceira posse consecutiva na presidência, ponta de lança para sua candidatura ao governo. Mas deu chabu e pode ter enterrado suas chances.

Amélio não segurou a ansiedade (convocaram prefeitos e líderes para abertura da terceira sessão legislativa) e, ignorando a liturgia do cargo, encaixou a sucessão estadual no discurso de Presidente do Legislativo.

Numa sessão que teve de tudo até cumprimentos de público ao influenciador Ewoney Fernandes, o do Grale, com todos seus penduricalhos investigados.Só faltou o Grelo na Mesa.

Algo inusitado no Legislativo. Cubro a Assembléia desde a sua instalação (1ª jan 1.989) na quadra de esportes de um clube em Miracema. Com seu primeiro presidente, Vicente Confessor (o mais velho eleito), e a eleição do deputado Raimundo Boi para presidente, a posse de Siqueira. Sessões solenes apoiadas em projetos e respeito à liturgia do cargo que não confunde-se com o investido.

Um poder responsável por um orçamento de meio bilhão de reais (R$ 472 milhões gastos em 2024) – R$ 383 milhões/LOA/2025 – R$ 635 milhões com as emendas.

E que é o carimbador de todas as leis oriundas dos demais poderes. Algumas perniciosas não só às leis, mas aos cofres públicos. São leis derrubadas de forma recorrente pelo Supremo Tribunal Federal.

Tem Amélio, como é lógico, na sua frente a senadora Dorinha Seabra (UB), o senador Eduardo Gomes (PL) - donos dos maiores fundos eleitorais - e ainda o deputado federal Carlos Gaguim. Mas ele não liga para a divisão antecipada do grupo que fragiliza a própria base governista.

E qual abertura encontrou Amélio para reduzir a dimensão institucional da Mesa Diretora: fez uso de artigo que publiquei (sobre um vídeo do deputado federal Alexandre Guimarães lançando-o candidato) justapondo a vontade política dele ser candidato ao governo e a situação de extrema pobreza do Bico do Papagaio (seu feudo), mesmo com o deputado recebendo salários do contribuinte há um quarto de século (mandato de prefeito e cinco de deputado).

Até aí ficaria apenas no círculo de sua inteligência emocional. Mas ele foi mais longe: sugeriu da tribuna que o jornalista teria menosprezado o Bico e as quebradeiras de coco. Neste ponto voltou a ser o que é. E mentiu escancaradamente e sua clac aplaudiu o que ele considerou jornalismo parcial (o artigo você pode ler aqui https://www.luizarmandocosta.com.br/noticia/estultice-do-presidente-do-mdb-de-lancar-candidatura-de-amelio-ao-governo-ilumina-muita-coisa-inclusive-os-r-82-milhoes-de-emendas-que-deputados-estaduais-deixaram-estocados-no-fundo-de-emendas-para-mercado-futuro/49748)

As quebradeiras de coco existem, na verdade, porque não tem trabalho ou outra opção de renda. O lamento daquelas mulheres e crianças é por comida e não aplauso. Mas Amélio não entende disso porque vive num palco financiado pela população. Quebrar coco no sol quente não é poesia.

As quebradeiras existem em Esperantina e por todo o Bico do Papagaio como escravas das grandes empresas produtoras de óleo que fazem uso da mais-valia com a pobreza que Amélio vê todos os dias e não toma providências. Pelo contrário, aprovas as renúncias fiscais dos empresários.

No Bico 75% não comem o mínimo de calorias necessárias a um ser humano. Cerca de 29,50% vivem na pobreza extrema e outroas 73,79% na pobreza. É uma das regiões mais pobres do país. E até dias atrás conservava cidades sem acesso asfaltado.

O próximo passo de Amélio, pela forma rudimentar com que se movimenta, será renunciar à presidência do Legislativo para que o vice Leo Barbosa assuma.

Ah!!Amélio, que é filiado ao Republicanos, que obrou a dupla eleição (para garantir eleição do filho do governado) e que faz tudo que o governo determina, disse da tribuna que não é governista.

Mas que é soldado de Wanderlei Barbosa!!!!

Deixe seu comentário:

Últimas notícias

Ponto Cartesiano

Não é o melhor dos cenários para uma reeleição essa investigação da Polícia Federal sobre as emendas do senador Ira...

A oposição a Wanderlei Barbosa começa a fomentar nos bastidores um falso dilema: possibilidade de novos desgastes no Legislativo. Os deputados dão...

O Judiciário pode abrir uma nova crise.  Tribunal de Justiça pediu e o governo cedeu na última sexta (D.O) um coronel da reserva da PM para o car...