As movimentações na campanha eleitoral da Capital já permitem determinados recortes que exprimem a práxis política circunstancial das personagens nela envolvidas. O princípio unificador de suas categorias de pensamento ainda que, não raro, imposta pela necessidade de iludir de setores da sociedade política.
De pronto, é possível identificar que os cabeças de chapa não são em determinados casos os "cabeças" da chapa. No Solidariedade, é incontroverso que o vice, Joseph Madeira (PTB ), teria o comando nas conversações políticas (e da engrenagem) acima do candidato Eli Borges e, não raro, fala mais que o candidato. Depois do abandono do Palácio Araguaia perdeu o prumo.
Repete a situação entre Carlos Amastha e Tiago Andrino que dias atrás recebeu um peteleco do senador Eduardo Gomes: "Não sei se respondo o ventríloquo ou o boneco", regurgitou Gomes sobre críticas de campanha nas redes sociais.
O ex-prefeito influencia a tal ponto o candidato (o vice é também ex-prefeita, Nilmar Ruiz), como é notório, que determinou até a mudança de nome do cabeça de chapa. Tática que, como pouca margem de erro, contribuiu sobremaneira para derrubar a estratégia do ex-prefeito de eleger o vereador do PSB.
Na chapa do PV, o candidato Marcelo Lélis se movimenta tentando se desgarrar das velhas coligações como se delas não tivesse participado e só se esgueirasse dos grupos justamente porque deles fizera parte. Ninguém deixa o que não teve ou sai de onde não esteve.
Sua maior impulsão é a deputada Cláudia Lélis que só é deputada porque Marcelo Miranda (contra tudo e contra todos) a aceitou como vice-governadora. Lélis hoje deita e rola sobre dois ex-governadores: Miranda e Siqueira Campos. Este o responsável pelas suas primeiras oportunidades políticas.
O vice de Lélis, vereador Milton Neres, só comanda o PDT por força da ação política do senador Eduardo Gome (MDB) que conseguiu com que a direção nacional entregasse-lhe o partido (e a candidatura). Depois de ter ficado praticamente sozinho e sem opções eleitorais.
Ambos, Neres e Lélis fazem proselitismo na campanha contra o vice de Cínthia Ribeiro, André Gomes, que é irmão do senador Eduardo Gomes. A tese é que André seria o braço de Gomes na prefeitura e tivesse planos maiores. Como se isto fosse ilegítimo e os vices das demais chapas não tivessem também seus próprios planos e disputariam o cargo (alguns investindo grana do próprio bolso) apenas por figuração.
Todos os candidatos buscam nos últimos dias atingir a prefeita Cínthia Ribeiro trocando os argumentos ad rem pelo ad hominem. Ou seja, deixaram de lado as questões da cidade e seus projetos, para atacar a pessoa da prefeita. Retomando o marco inicial de Amastha que deixou Cínthia alegando traição.
A estratégia não deixaria à prefeita outra opção que não trair-se a si própria (e à cidade) entregando ao ex-prefeito não só a administração mas seu próprio projeto político e o direito de candidatar-se à reeleição em favor do projeto do ex, materializado na chapa do PSB.
E ela segue no mesmo diapasão. Conseguiu, sem alarde, desvencilhar-se de Amastha e seu séquito (Adir Gentil, Claudio Schuller , Christian Zini, Maxcilane Fleury, Marcilio Ávila) que, na prática, agiam como se fossem autônomos (pelo menos quatro secretários mandando)- há reclamações aos montes de empresários prejudicados ou que não toparam heterodoxismos - desgarrando-se Cínthia de tudo do ex-prefeito que pudessse contaminar sua gestão e encheu a cidade com uma frente de mais de 50 obras, como é público.
Mas com um diferencial relevante: sem qualquer questionamento jurídico de licitações e à frente delas um trator, o secretário de Infraestrutura, Antônio Trabulsi que certamente tem seus equivocos, mas conseguiu cumprir o projeto da prefeita enchendo Palmas de obras. Faz lembrar a muitos o ex-secretário de Obras de Siqueira Campos, engenheiro Rubens Guerra, no início da cidade e do Estado.
Para piorar, Cínthia Ribeiro aprendeu a discursar.