O deputado Amélio Cayres foi reeleito presidente do Legislativo estadual na noite de ontem. Eleito, discursou que os deputados tem que ser respeitados em suas decisões. De fato: obteve 23 votos dos 23 presentes. Ausência de Junior Geo.

A questão é que o Legislativo não é um poder paralelo ao estado democrático que também é de direito. As democracias não são o regime em que tudo pode. Pelo contrário: que nem tudo pode.

Negligenciou Amélio, convenientemente, o fato de que a nova reeleição se dava de afogadilho para driblar Ação no STF. Há uma ação conclusa. Um novo ataque às leis pretextando seu cumprimento.

E que a substituição de Vanda Monteiro e Jair Farias na chapa (por Cleiton Cardoso e Marcus Marcelo) afirmava uma nova eleição sucedânea daquela que se queria anular.

E não a substituição daquela que anularam por ato meramente declaratório. E que se anote: Vanda e Jair apoiaram candidatos diferentes de Amélio na Capital. Amélio perdeu com Janad e Vanda e Jair apoiaram Junior Geo e Eduardo Siqueira.

Uma confusão sobre competências democráticas e obrigações. O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, por exemplo, promulgou ontem uma lei aprovada pelo Congresso (cooptado) que pune com prisão de até 30 anos o venezuelano que manifestar apoio às sanções internacionais ao país.

Há democracia aí? Óbvio que não. Mas promulgou a lei  e, sem resistência parlamentar (pelo contrário, com apoio) e do judiciário (cooptado) impôs o silêncio a opositores. E  sai verbalizando democracia.

O ditador sequer apresentou as atas das eleições. Cooptou com dinheiro as forças armadas, judiciário, exército e Congresso, enquanto a população foge do caos instalado no país.

Mas implantou essa hegemonia de Estado que, sob regras democráticas, acaba com a democracia. Bastando comprar deputados e as instituições. Com dinheiro público, claro.

Amélio é deputado de cinco mandatos (quase duas décadas no Legislativo estadual). Essa unanimidade não condiz com o seu desempenho legislativo.

Como Siqueira/João Oliveira ficaram marcados com a dupla-renuncia, Amélio vai ser anotado como o presidente da dupla-eleição.

E pode fechar a legislatura como o presidente que mais foi desautorizado pelo Supremo Tribunal Federal pela prática de inconstitucionalidades.

Mas ele quer que se respeite as decisões do seu Legislativo. Os atos e fatos sugerem ser o Legislativo não a Casa de Leis do Estado, mas a Casa de Lei de um gueto parlamentar apartado dos problemas da sociedade.

E eles ainda não explicaram ao seu patrão (a população) as razões de antecipação dessa eleição de fancaria.

Enquanto isto no STJ: tic-tac, tic-tac, tic-tac....

Deixe seu comentário:

Últimas notícias

Ponto Cartesiano

O desembargador Eurípedes do Carmo Lamounier, do Tribunal de Justiça do Tocantins, negou na noite de ontem (plantão no TJ) liminar em mandado de seg...

O Tribunal de Contas do Estado decidiu subordinar as competências do Executivo municipal, do Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça a seus pro...

Os servidores públicos municipais não devem estar passando por bons momentos. Desde o mês passado, o clube da Associação dos Servidores de Pal...