De igual modo que venho apontando que Wanderlei Barbosa organizou, do ponto de vista fiscal, a administração nos seus governos, anoto o descontrole nítido nas contas governamentais que a execução orçamentária sugere atualmente de forma indiscutível.

Daí observar com cuidado a entrevista que o Governador concedeu à CNN Brasil onde pontuou que o Estado deve receber no próximo ano R$ 1 bilhão da venda de carbono.

O governador fez o seu papel de alimentar esperanças. Mas já se defronta com problemas consequentes de gasto (com autorização dos deputados) e da falta de planejamento, com a  supremacia da vontade política sobre o controle e aplicação técnica das despesas públicas.

Fico imaginando os gringos depositando R$ 1 bilhão limpinhos na conta do tesouro. Para, conforme o Governador, serem aplicados em obras, no agro, nas tradicionais e ribeirinhas.

A entrevista de Wanderlei, obviamente, atende mais o público interno que externo. O sequestro de carbono ainda é uma ficção financeira. Não à toa o governo realça que o contrato do Tocantins é o primeiro do país.

Por outro lado, o anúncio do R$ 1 bilhão desvia a atenção das circunstâncias. Uma rápida leitura do portal das transparências dá pistas dos motivos do governo ainda não ter antecipado os salários de novembro.

Este ano, ele tem feito o pagamento entre 21 e 25 do mês. Segunda ainda é tempo. Mas nas secretarias (como apurou o blog em pelo menos três delas), já há movimentação de fundos para cobrir a folha.

Um deles: o descompasso entre as receitas ordinárias (arrecadação de receitas estaduais) e o índice de despesas empenhadas.

O governo teve em outubro receitas de R$ 979 milhões e empenhou R$ 1,530 bilhões. Já em setembro, arrecadou R$ 768 milhões e comprometeu despesas de R$ 1,380 bilhões. Em agosto novamente: receitas de R$ 878 milhões de empenhos de R$ 1,399 bilhões. Em julho arrecadou receitas de R$ 814 milhões e gastou R$ 1,360 bilhões. Arrecadou R$ 914 milhões (junho) e gastou 1,497 bilhões.

O governo tem antecipado o pagamento dos salários tendo como sustentação os repasses do FPE. E que já foram creditados as duas parcelas de novembro (R$ 349 milhões). A última no dia 20 de novembro, como sucede todo mês.

E que se note: neste período as receitas tiveram crescimento acima do esperado pelo governo.

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