O país que diz debater suas questões de fundo deve parar na sexta: Dia da Consciência Negra. Muitas cidades decretam feriado a moradores e servidores públicos. Aqueles que se interessam em buscar o fundo das questões, podem debruçar-se sobre o retrovisor.
Com efeito, o Brasil foi um dos últimos países a erradicar a escravidão e só o fez por razões econômicas: o fim do tráfico transatlântico (imposto pela Inglaterra), as primeiras experiências com o trabalho livre, avanço da cafeicultura, as ferrovias e a urbanização. Princesa Isabel foi consequência e não causa.
Mas são histórias que podem ser narradas de modo mais racional e fidedigno por historiadores. Ainda que em larga escala anotem suas histórias sublinhadas por linhas ideológicas. No governo do PT tentou-se apagar dos livros didáticos nas escolas públicas a obra de Monteiro Lobato porque os ideólogos enxergaram racismo na negra Tia Anastácia, empregada do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Um traço que hoje impõe à população o ônus da dívida social e racial com os negros, não só do Século XIX, mas desde o início do Século XVI do descobrimento. As gerações atuais carregariam o peso de séculos de escravidão que não teria um final à vista, não haveria um valor final da fatura. Uma prestação que passaria de pai para filhos, netos, bisnetos. Minha escanchaneta, por certo, será cobrada a quitá-la daqui a outras centenas de ano, como foram cobrados meus avós, bisavós e tataravós.
Não há dúvida de que os negros foram espezinhados num crime de lesa-humanidade. Não só no Brasil. E que ainda hoje os racialistas estão aí como fantasmas que aparecem a qualquer momento com suas ignorâncias não civilizadas ou civilizatórias. Mas não foram as gerações atuais os carrascos. Ainda que muitos cometam seus crimes de racismo diariamente.
Combater o racismo, pela razão, implicaria também, entretanto, no respeito às demais raças.
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